Há uns tempos atrás, um “passarinho” contou-me, a GNR organizou, em parceria com a Academia Militar, um Seminário subordinado ao tema “ O contributo de Portugal na construção de uma Nação – Timor-Leste”. (Bom, se não era assim deveria andar lá muito próximo).
Nesse Seminário esteve Sua Ex.ª o Ministro da Defesa, o Bispo D. Ximenes Belo, a Embaixadora Natália Carrascalão, e um sem número de entidades convidadas, bem como oradores de diferentes quadrantes.
A plateia era constituída, essencialmente, pelos alunos da Academia Militar.
Segundo parece, e penso que estes seminários são gravados pelo que se pode confirmar, foi um “desfilar de vaidades”… GNR fez! GNR faz! GNR aconteceu! GNR voltou a acontecer!
Os militares (2.º, 3.º e 4.º ramo da GNR) lá fizeram uma “perninha” para não parecer mal…
Em suma, o Seminário era o “contributo de Portugal (leia-se GNR) na construção de uma Nação - Timor-Leste”. A GNR assumiu-se, perante uma série de miúdos em formação, e demais convidados, como “o Estado Português em Timor-Leste”.
Segundo me contaram, nem uma palavra sobre os professores, os polícias, diferentes contratados portugueses que contribuem para o desenvolvimento, a igreja, etc, etc…. ..apenas, e tão só, a GNR! Um Estado dentro do Estado!
Mas o mais grave estaria para vir, segundo esse “passarinho”:
- Um determinado Oficial da GNR, orador e organizador do evento, (cujo nome não me revelaram, mas que não deve ser difícil de descobrir), falando pela GNR, salientou as palavras do Exm.º Ministro da Defesa, dizendo que Timor-Leste era um Estado Soberano e que, nessa qualidade, já que entendia que o modelo policial a adoptar para aquele país era o da GNR, o Estado Português, assim como outros estados que tentam “impingir” modelos policiais a Timor (referia-se à Austrália e outros), não se deveria imiscuir nas decisões daquele Estado Soberano!
Pasme-se a qualidade do estadista que se substitui aos interesses de Portugal em prol dos interesses da GNR!!!
Salienta-se, no entanto, que este “estadista” referiu que era apenas uma opinião pessoal.
Resta agora saber, sendo a GNR uma força tão disciplinada e disciplinadora, o que aconteceu ao “estadista” que, fardado de GNR, em nome da GNR, e num Seminário organizado por esta, proferiu tais afirmações.
Esta conversa surgiu, porque este “passarinho”, que é um civilóide, me perguntava se era possível esta “liberdade de opinião” na GNR.
Ao que eu respondi que a GNR, embora uma força de características militares, era muito moderna e “prá frentex”, contrariamente à PSP…
… se fosse um PSP a fazer semelhantes afirmações só poderia estar, neste momento, a recorrer duma pena disciplinar de suspensão ou de aposentação compulsiva…
É o Estado da Nação!!!!
AF