O Pastel de Belém foi eleito em 2011 uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal.
Tudo começou em 1837, em Belém, próximo do Mosteiro dos Jerónimos, quando numa tentativa de subsistência, os clérigos do mosteiro puseram à venda numa loja uns pastéis redondos e de pequena dimensão, constituídos essencialmente por massa folhada e nata. Nessa época, a zona de Belém ficava longe da cidade de Lisboa e o seu acesso era assegurado por barcos a vapor. A presença do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém atraíam inúmeros turistas que depressa se habituaram aos pastéis de Belém.
Na sequência da revolução liberal, em 1834 o mosteiro fechou. O pasteleiro do convento decidiu vender a receita ao empresário português vindo do Brasil Domingos Rafael Alves, continuando até hoje na posse dos seus descendentes.
No início, os pastéis começaram a ser comercializados numa refinaria de açúcar situada próximo do Mosteiro dos Jerónimos. Em 1837 foram inauguradas as instalações num anexo, então transformado em pastelaria, a "A antiga confeitaria de Belém". Desde então, aqui se vem trabalhando ininterruptamente, confecionando cerca de 15.000 pastéis por dia. A receita, transmitida e exclusivamente conhecida pelos mestres pasteleiros que os fabricam artesanalmente na Oficina do Segredo, mantém-se igual até aos dias de hoje. Tanto a receita original como o nome "Pastéis de Belém" estão patenteados.
Paralelamente foi-se desenvolvendo a chamada “política do Pastel de Nata”, a qual, começou, numa primeira fase, nas negociações entre mercadores, os quais, para conseguirem realizar melhores negócios e obter mais lucro, convidavam decisores políticos, fornecedores ou concorrentes para conversações à volta de uma mesa, normalmente regados com um bom vinho, com iguarias diversas e claro está com pastéis de nata…
Esta estratégia foi-se enraizando nos hábitos de algumas instituições, empresas e famílias até aos nossos dias…a questão é que para muitas delas, mais do que um hábito social de sã convivência e de relacionamento, esta política tornou-se a principal forma de influência e de obtenção de proventos políticos, económicos, institucionais ou pessoais.
Mais do que trabalhar para melhorar a qualidade e os índices de eficiência e de eficácia das organizações e empresas, trabalha-se para a aparência, para a imagem, para fins alheios ao interesse público, cultiva-se o jogo de interesses; mais do que trabalhar no conteúdo, trabalha-se na forma…
A política do pastel de nata tem vindo assim a alastrar e a sedimentar-se em diversos sectores…nos negócios, na administração, nas mais variadas esferas do aparelho do Estado e da vida privada…
Neste capítulo refira-se um dos principais baluartes da sua operacionalização: o Quartel-General da Guarda no Largo do Carmo (sim, aquele Quartel onde Marcello Caetano se acoitou no dia 25 de Abril de 1974, no estertor da ditadura) e em concreto a faustosa messe de Oficiais e o bar…claro, o bar!!!!!
É ver os Guardas da GNR de pappillon a servir à mesa segundo as mais refinadas regras de protocolo; é ver o Chef da messe de Oficiais (qual Ratatui!) a aconselhar os convidados acerca das diversas opções previstas na Carta; é ver o Senhor General Comandante-Geral a acompanhar as dezenas de convidados que mensalmente almoçam (à la carte) naquele restaurante devidamente financiado pelo erário público.
Após o almoço servido (como disse) por Guardas da GNR, nos quais, o Estado tem investido milhares de euros em formação na área da hotelaria, segue-se o whisky, o conhaque e outras bebidas análogas como digestivo…sim porque, apesar de estar proibido o consumo de bebidas alcoólicas nos bares das Esquadras e Postos das Forças de Segurança, na GNR esta regra tarda em ser aplicada…
A seguir vem o pastel de nata, a prendinha, uma cópia da última publicação do doutrinador Carlos Alves ou de Loureiro dos Santos, ou de outro qualquer, a cresta da Guarda, a caneta mont blanc com o símbolo da Guarda, etc, etc… Os salamaleques e rodriguinhos são repetidos até à exaustão…
Antes, durante e depois temos a «cassete» ou homília gendármica…a história da força charneira que pode intervir em situações de crise e em missões de paz, a condição militar que é geradora de mais disciplina, a necessidade de continuação da formação dos Oficiais da GNR na Academia Militar, os financiamentos extra-Orçamento Geral do Estado das missões no Iraque, no Afeganistão e em Timor, o auto-elogio em detrimento de outras Forças e Serviços de Segurança (em especial, da PSP, esse grande Satã civilóide)!
Exatamente este âmbito foi delineado o projeto de conceito estratégico de Defesa Nacional (que depressa e sem mandato, se transformou em Segurança Nacional): na messe e no bar!
Os pensadores entretiveram-se em repetidos almoços e jantares a discutir os dilemas da segurança à luz da doutrina da Guerra Fria e os majores e tenentes-coronéis gendármicos escrituraram as grandes linhas da segurança interna no quadro da defesa nacional, ou da defesa nacional no quadro de segurança interna, ou da segurança nacional militarizada…bem, não interessa! O que interessava garantir entre muitos pastéis de nata (e conhaques) era a manutenção da GNR como plataforma de promoção de mais umas dezenas de Oficiais Generais do Exército! O que interessava era engordar ainda mais uma das estruturas mais macrocéfalas da administração portuguesa (GNR), à custa de outras organizações bem mais eficientes…sobretudo à custa da PSP (a Grande Hidra) … os escriturários redigiram e os pensadores de renome e com obra feita (apenas alguns a têm) assinaram.
É o Pastel de Nata permanente! A festa continua para deixar tudo na mesma. Para que o status quo se mantenha. Para que alguns (muitos) privilégios e vícios persistam…
A Segurança Interna em Portugal continuará na mesma porque pura e simplesmente não há coragem de mudar. Porque nesta política de pastel (de nata), neste carrossel de vaidades…a única coisa que interessa é não alterar, não mexer, não chatear…e se se tiver que mudar que seja à custa daqueles (pessoas e organizações) que ainda fazem alguma coisa!
Os processos, cada vez mais, não se resolvem com trabalho, competência e profissionalismo, mas através de jogos de interesses, de influências subterrâneas, de pressão de lobbies…e de muitos pastéis de nata…
Na Áustria, na Irlanda, na Bélgica, na Grécia, na Dinamarca, na Suécia, na Finlândia, na Polónia (e em muitos outros países Europeus) não existem Gendarmeries, mas também não existem pastéis de nata!
Os pastéis de nata são uma das mais populares especialidades da doçaria portuguesa. Embora se possam saborear pastéis de nata em muitos cafés e pastelarias, a receita original é um segredo exclusivo da Fábrica dos Pastéis de Belém, em Lisboa. Aí, tradicionalmente, os pastéis de Belém comem-se ainda quentes, polvilhados de canela e açúcar em pó.
Nesta pastelaria os conhaques, whiskies e outras bebidas são pagas e são à parte!
P.S. Entretanto o Tribunal de Contas anunciou dia 04FEV2013, que vão ser investigados os almoços e jantares oferecidos por entidades públicas…Mais do mesmo!
RSP