Nunca te esqueças de quem és!
Olha-te ao espelho todos os dias e reconhece na tua cara a justiça, a serenidade e a coragem. Na rua, levanta a cabeça com orgulho. Ainda que mais ninguém saiba, estarás lá para nos proteger a todos e, quando necessário, agirás, sem hesitação.
Nunca te esqueças de quem és porque, no dia seguinte, terás de olhar novamente o espelho e continuar a reconhecer na tua própria cara, a justiça, a serenidade e a coragem.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A LÓGICA ESQUIZOFRÉNICA DA GUERRA AO TERRORISMO



O combate ao terrorismo não é um empreendimento que possa obedecer a estratégias unidimensionais e apoiado em meios exclusivamente militares (Simões, 2004: 511), mas é sobretudo “uma tarefa das forças policiais e do sistema judicial, uma vez que o terrorismo é sobretudo uma forma de crime organizado” (Oeter, 2006: 233-234). O que de modo nenhum significa que as forças militares não possam intervir de forma transitória em cenários de conflito armado aberto e indiscriminado (ex. Iraque). Mas o núcleo duro da resposta ao terrorismo “deve ser dada pelo direito e não através de declarações de guerra” (Booth, 2007: 436).
A tentativa sistemática de dar ao terrorismo respostas exclusivamente militares, no âmbito de uma abordagem unidimensional, segundo a qual a violência se combate apenas pela violência, não tem resolvido o problema, mesmo que tenha ocasionalmente atenuado as suas manifestações, quando este assumia ainda um carácter raro e disperso. Na actualidade, porém, esta lógica maioritariamente militar tem grande dificuldade em atenuar tensões e rivalidades quando estas redes operam e têm impacto à escala global, inclusive nas nossas cidades, paradigma de desenvolvimento e bem-estar, quando comparadas com o rendimento per capita em muitos Estados frágeis de África, da Ásia, da América do Sul ou do Médio Oriente.
Os problemas básicos de determinados países em situação de crise político-social e económica não são resolvidos com estratégias essencialmente «musculadas», veja-se o problema do cultivo de ópio no Afeganistão e o facto do tráfico de heroína ter aumento exponencialmente desde a intervenção internacional naquele território. De igual modo, as questões ligadas aos direitos, liberdades e garantias das mulheres, os problemas básicos da educação, da cultura, da economia, da corrupção e tráfico de influências no governo central e governos regionais no Afeganistão.
A este combate unidimensional de algumas formas de terrorismo não estarão alheios grupos de interesses ligados a complexos militares-industriais e governos com interesses geo-estratégicos que preferem apenas o uso da violência directa para consolidar os seus interesses hegemónicos (Simões, 2004: 511).
A comunidade internacional pode estar a ser vítima de uma estratégia esquizofrénica de luta contra o terrorismo, apostando apenas no curto prazo, não se preocupando com os efeitos em gerações futuras e com o ódio que se vai enraizando em algumas sociedades contra um ocidente rico, tecnológico, egoísta e cada vez mais distante de abordagens multilaterais, multi-nível e solidárias.
Finalmente, combater o terrorismo pressupõe um trabalho profícuo de investigação criminal e de informações de segurança e policiais, de forma a levar os suspeitos a tribunal. A técnica do olho-por-olho-dente-por-dente de eliminação de terroristas representa um retrocesso civilizacional...
E no dia que estas acções forem levadas a cabo para assassinar adversários políticos «a coberto» de missões anti-terroristas??

FF