Nunca te esqueças de quem és!
Olha-te ao espelho todos os dias e reconhece na tua cara a justiça, a serenidade e a coragem. Na rua, levanta a cabeça com orgulho. Ainda que mais ninguém saiba, estarás lá para nos proteger a todos e, quando necessário, agirás, sem hesitação.
Nunca te esqueças de quem és porque, no dia seguinte, terás de olhar novamente o espelho e continuar a reconhecer na tua própria cara, a justiça, a serenidade e a coragem.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A união faz a força!





Gostei das afirmações do "camarada Vasco", uma vez Vasco, sempre Vasco.

Também gostei do facto dos militares, ofendidos na sua dignidade se terem juntado para deliberar as suas formas de luta.

Trata-se, de certa forma, daquele tipo de "camaradagem" que só serve mesmo para a auto-protecção da classe, uma espécie de corporativismo, se o termo me é permitido em dois sentidos. Naquele que se utiliza frequentemente para designar todos os membros de um mesmo ofício, mas também no sentido político, semi-fascista.

Todavia, merece admiração porque, mesmo com todas as diferenças e conflitos internos, demonstram que sabem unir-se pelo interesse geral da sua instituição.

Ora aí está algo que na Polícia se vê cada vez menos. Basta ler a competição sindical sobre quem pede primeiro a demissão do director nacional, para se perceber que estamos entregues a pessoas que se dividem entre os "idiotas", os "mal-intencionados", os "traidores" e os "serviçais".

A indignação dos militares faz sentido?

Claro que faz!!!

Vejamos:

1. Contrariamente a todos os outros, nomeadamente os polícias, todos os militares, sem excepções (o que inclui a GNR), ficaram excluídos da famigerada Lei 12-A/2008 que regula os vínculos, carreiras e remunerações da administração pública;

2. Contrariamente a todos os outros, nomeadamente os polícias, todos os militares, sem excepções, estão colocados nos novos níveis remuneratórios, desde 1 de Janeiro de 2010;

3. Contrariamente a todos os outros, nomeadamente os polícias, todos os militares, sem excepções, têm 20% de suplemento de condição militar, desde 1 de Janeiro de 2010;

4. Contrariamente a todos os outros, nomeadamente os polícias, todos os militares, sem excepções, que tinham os tempos mínimos, foram promovidos ao posto seguinte, no ano de 2010 - e que festival de promoções foi esse!!!

Todas as ilegalidades e irregularidades nas transições para os novos níveis remuneratórios nas forças armadas e respectivos "arrastamentos" foram prontamente sanadas pelos Ministros da Defesa e das Finanças.

Nem se ouviu falar do Tribunal de Contas!

Foi o Ministro da Defesa o primeiro a garantir que nem sequer haveria necessidade de fazer reposições de todas as somas auferidas indevida e ilegalmente!

Ainda assim e apesar de os militares, contrariamente a todos os outros, nomeadamente os polícias, se encontrarem a usufruir, integralmente, de todos os direitos legais que lhes foram concedidos pelos novos estatutos, conseguem veicular para a opinião pública, a várias vozes e em diversas sedes, o seu enorme descontentamento e indignação, pela forma discriminatória e vexatória como estão a ser tratados pelos governos (o anterior e o actual).

Acrescentando ao discurso, surgem as ameaças àqueles que têm por missão garantir a ordem e as liberdades democráticas.

Os polícias esperam que essa gente indignada se porte tão bem nas manifestações quanto os outros cidadãos. Os outros, os verdadeiros, os que só são cidadãos e não ostentam nenhum acrescento qualitativo porque não precisam dele!

Espera-se que os militares se portem democrática e pacificamente na sua manifestação a qual, não é por direitos, mas por regalias, aquelas regalias que só os militares podem ter, mesmo sendo usufruídas sobre os ombros sacrificados de todos nós.

Os polícias esperam que essa casta privilegiada saiba o seu lugar no Estado de Direito Democrático que tentamos manter de pé.

Os polícias esperam que os Vascos Lourenços deste país se deixem de meias-palavras, mensagens subliminares e recados idiotas, subversões de meio quilo e ameaças parvas.

Em democracia, não há alteração ilegítima da ordem que não deva ou não possa ser reprimida.

A maior repressão que a Polícia possa fazer para garantir a liberdade, a segurança e a ordem democrática, será sempre incomensuravelmente menor do que aquela que se sofreu, neste país, às mãos dos militares através dos seus vis golpes, ora à direita, ora à esquerda.

Devemos esperar mais um?

De que lado estarão os militares desta vez?

Do mesmo de sempre senhores... Do seu próprio lado!

RA